domingo, 28 de junho de 2009

ÉTICA, GLOBALIZAÇÃO E COMPETITIVIDADE.


A ética está na moda. Casos como a Enron, o Barings, e mais recentemente Bernard Madoff trouxeram este tema para o topo das preocupações dos accionistas. E com razão, pois a globalização assim o exige.
Com a globalização, as empresas que, como estas, viram as suas “pequenas malandrices” nas primeiras páginas dos jornais sofreram fortes quedas na sua cotação bolsista. Os “fundos éticos”, que incluem critérios de sustentabilidade na escolha do seu ‘portfolio’, não são motivados por uma missão moralizadora dos mercados financeiros – querem é assegurar-se que não têm uma destas bombas -relógio em carteira.
O desempenho ético das empresas é muito importante para os accionistas e para a economia em geral, mas infelizmente a sua relevância para os gestores é menos clara.
Apesar dos muitos estudos que tentaram encontrar uma relação entre comportamento ético e resultados comerciais e financeiros, na realidade há inúmeros casos de empresas com práticas que roçam a ilegalidade e que mesmo assim não sofreram muito com isso – uma das principais marcas mundiais de refrigerantes e uma das maiores multinacionais de roupa desportiva são prova disso. Nas carreiras individuais dos gestores parece mesmo que a falta de ética é o caminho mais rápido para o sucesso global.
Se nos libertarmos da obsessão vã de provar uma relação entre moralidade e resultados é fácil encontrar uma justificação competitiva para que os gestores se preocupem com as principais causas de comportamento ético: as “pequenas malandrices” dos seus colaboradores são um pré-aviso de problemas competitivos no futuro. Os incentivos são o exemplo mais interessante já que são a explicação mais popular para o comportamento não ético e, ao mesmo tempo são um importante indicador do alinhamento estratégico da empresa.Premiar objectivos diferentes em vez de um só torna as práticas pouco éticas menos prováveis e mais difíceis. É mais fácil e mais tentador inventar vendas falsas se os incentivos apenas premiarem as vendas do que se também premiarem o índice de satisfação dos clientes e as vendas repetidas. Se a remuneração dos colaboradores estiver alinhada com os restos dos parâmetros da organização, as “pequenas malandrices” também são mais prováveis. Uma empresa que recrute pessoas orientadas para as vendas, que forme os seus vendedores em técnicas de venda agressivas e que pague apenas com base no valor das vendas terá mais probabilidade de comportamento não ético do que uma que recrute vendedores com elevada orientação para o cliente, que aposte na formação em venda consultiva e que pague com base no valor das vendas.
A única solução parece ser apelar aos valores morais dos líderes e tornar a gestão ética como um objectivo pessoal.
Mas será isso possível nos dias de hoje onde as pessoas, accionistas e empresários só vislumbram o lucro nos seus horizontes?

Sem comentários: